O Museu do Vidro, em Murano
Conhecer a produção do vidro é o que mais atrai os turistas até Murano, a ilha que fica a apenas 1,5km de Veneza. Mas existe a chance também de admirar a história e a evolução da técnica que a consagrou no mundo inteiro. O Museo del Vetro percorre a trajetória da matéria prima desde os tempos remotos – com alguns repertos arqueológicos – até a idade contemporânea.
A ideia de se criar um espaço para preservar a tradição da arte vidraceira é antiga. Já em 1861 o museu existia e ainda hoje fica em um palácio histórico da ilha, que no século XVI foi morada do bispo de Torcello, Marco Giustinian.
O percurso expositivo inicia das origens do vidro, que diz a lenda, surgiu em um rio na Síria, onde mercadores fenícios utilizaram blocos de nitrato de potássio que, misturados a areia em alta temperatura, formaram a matéria prima. Os romanos impulsionaram a produção e no I século a.C, na Palestina surgiu a técnica do sopro. Alguns objetos expostos no Museu do Vidro são exatamente desta época. As peças provém da Síria, Palestina, Grécia e Dalmácia até chegar nos primeiros vidros produzidos em Murano na época medieval, entre os séculos X e XI.
Seguindo para a “idade do ouro” do vidro muranês, entre os anos de 1300 e 1600 quando a produção atinge o auge da técnica e criatividadfe. Os mestres vidraceiros aprenderam muito com a experiência do Médio Oriente e viraram referência depois do declínio da produção islâmica. Um dos objetos deste período é a coppa Barovier, realizada com a técnica de Angelo Barovier, que revolucionou a produção do vidro com a criação de peças transparentes.
Dos anos 1500 é possível admirar peças de formatos bizarros, possíveis com novas invenções de tipos de vidos e técnicas diferentes. O período deu origem a lustres extravagantes em forma de animais e taças em formas de flores.
Já nos anos 1700, a concorrência com os vidros da Boêmia é um grande desafio para os muraneses. Os magníficos espelhos, até hoje disputados em antiquariados aparecem e fazem história. Mas com a chegada de Napoleão (1787), as escolas de ofícios são fechadas, os cristais da boêmia atingem seu ápice e muitas vidraçarias de Murano fecham. Deste período estão expostos objetos de uso quotidiano como taças, copos e vasos.
Muito interessante perceber como a produção do vidro de Murano superou a crise associando-se ao design moderno a partir de 1920, com nomes como a vidraçaria Venini e o arquiteto Carlo Scarpa. O percurso na história do vidro de Murano chega à idade contemporânea com peças de nomes como Lino Tagliapietra e artistas estrangeiros como o japonês Yoichi Ohira e o americano Dale Chihuly.
Como visitar
O Museo del Vetro fica na Fondamenta Giustinian, 8, bem próximo da parada de vaporetto Museo e da belíssima igreja de San Maria e Donato. Os horários de abertura são: de 1º de novembro a 31 de março, das 10h às 17. De 1º de abril a 31 de outubro das 10h às 18h. O ingresso custa 12 euros. Para quem tem o Museum Pass, do percurso dos Museus Cívicos de Veneza, a entrada no Museu do Vidro é incluída no passe.