A Veneza de Paolo Veronese
Paolo Veronese está a uma geração de distância de Tiziano, mas junto dele foi um dos maiores nomes do Renascimento veneziano. Veronese era um forasteiro em Veneza, ele nasceu em Verona, em 1528. Mas ganhou fama na Serenissima, inicialmente realizando trabalhos para algumas igrejas e posteriormente decorando o Palácio Ducal e a Biblioteca Marciana.
Com a fama reconhecida em Veneza e arredores, Veronese começou a receber importantes encomendas, entre elas a tarefa de decorar a parte interna da Villa Barbaro, projeto de Andrea Palladio, em Maser, nas proximidades de Asolo, província de Treviso. O ciclo de afrescos realizado por Veronese é um dos mais importantes do período e, seguindo o modelo das vilas venetas, retrata temas mitológicos e alegorias. Veronese começou a dedicar-se ao projeto em 1560 privilegiando a técnica trompe l’oeil, reproduzindo na pintura formas e arquiteturas.
Dos mais famosos quadros de Paolo Veronese estão as cenas das ceias bíblicas, na série intitulada “Cene”. Nestas enormes telas, os episódios bíblicos são um pretexto para ilustrar as suntuosas festas promovidas pela nobreza veneziana. Nestes quadros é possível identificar um dos grandes triunfos de Veronese. Ele foi o pintor que melhor retratou um elemento de extrema importância na iconografia veneziana, os tecidos.
Veronese pintava retratos, cenas mitológicas, banquetes. Mas os personagens dos quadros entravam em segundo plano e deixando o protagonismo para as roupas que vestiam. Ele era capaz de pintar qualquer tipo de tecido: seda, veludo, damasco, mas principalmente a seda iridescente, ou seja, um tecido que tinha duas cores que apareciam de modo diferente de acordo com a luz.
Veronese personificou Veneza na grande tela que realizou para a Sala do Conselho Maior no Palácio Ducal. O Triunfo de Veneza mostra uma mulher vestida de branco e dourado que representa Veneza coroada e glorificada por toda a sociedade veneziana, dos nobres ao povo comum.
A maestria de Veronese em representar os tecidos é vista nas cores, no drapeado e nos detalhes dos trajes que os personagens de seus quadros usam.
Em sua série de retratos, Veronese deixa o testemunho do que era a moda em Veneza no período renascentista, como no quadro onde retrata uma nobre dama veneziana, La Bella Nani, hoje no Museu do Louvre.
Em sua última fase de produção Veronese muda de direção. A peste, a expansão dos turcos em terras pertencentes à republica e a contra reforma influenciam na pintura. Sua última obra é a Conversão de São Pantaleão, realizada para a igreja homônima, em Veneza.
Veronese morre pouco depois de terminar a obra em abril de 1558 e é enterrado na igreja de São Sebastião ao lado de muitas obras que ele mesmo realizou.
Que maravilha de postagem! Na penúltima vez que fui a Veneza, fui admirar a obra de Tintoretto. Preciso voltar para apreciar Veronese!