Joias escondidas de Veneza: o jardim e vinhedo do Convento degli Scalzi
A história de Veneza é repleta de curiosidades, mistérios, lendas. Por detrás dos muros da cidade existe uma Veneza extraordinária e surpreendente. Uma de suas joias escondidas é o jardim e vinhedo do Convento degli Scalzi, que apesar de escondida, fica a dois passos de um dos lugares mais conhecidos de Veneza, a estação de trens.
Quem passa em frente à igreja de Santa Maria de Nazareth, mais conhecida como Scalzi, não imagina o oásis que existe bem ali atrás, um grande “brolo”, palavra com a qual os venezianos designam jardim. O convento dos carmelitanos precede a construção da igreja, iniciada em 1654 sob responsabilidade do arquiteto de época barroca Baldassere Longhena.
O complexo do convento foi criado por uma comunidade de frades carmelitanos que se transferiram de Roma para Veneza no início do século XVII. Por muitos anos, a partir de 1700, os carmelitanos detiveram em Veneza, a exclusividade na produção da água de melissa, uma receita indicada na época nos casos de depressão nervosa. Os efeitos benéficos são muitos, a água de melisa é utilizada no tratamento de espasmos gástricos, náuseas, distúrbios do sono, taquicardia, tremor, vertigem, ansiedade, dor de cabeça…
Com o espaço que tinham, os religiosos criaram um jardim onde cultivavam a melissa, ervas aromáticas e medicinais, além de árvores de frutas, verduras e legumes para consumo próprio. O espaço foi requalificado nos últimos anos com a ajuda de voluntários, já que os frades são muito velhinhos e não têm a disponibilidade de participar ativamente de todos os cuidados relacionados ao cultivo de um jardim.
Os vinhedos recuperados
Todos sabemos que no passado, Veneza foi uma grande potência comercial. A República da Serenissima era considerada a rainha dos mares e estabeleceu um intenso comércio principalmente com o Oriente. Por meio das trocas comerciais e da presença de estrangeiros na cidade, diversas espécies de plantas chegavam e eram plantadas por aqui, isso incluía os vinhedos. Por muito tempo, Veneza foi considerada capital enológica do mundo, e os vinhos chegavam principalmente do Oriente, já que o espaço de cultivo na cidade era reduzido.
Recentemente, o Consorzio Vini Venezia deu início a um projeto de recuperação dos antigos vinhedos presentes na Laguna de Veneza com o intuito de replantá-los no Convento dos Carmelitanos. A enorme pesquisa, em parceria com a Universidade de Padova, Milão e Berlim, mapeou e catalogou quase 70 plantas em todo o território. A partir da análise do DNA dos vinhedos foi descoberto o perfil molecular e comparado com um date base da Escola de Enologia de Conegliano e com material histórico literário. Assim, os pesquisadores conseguiram reproduzir algumas das espécies no jardim do convento.
A primeira safra dos vinhos produzidos a partir deste projeto foi apresentada este ano durante o Vinitaly. Os dois vinhos, branco e tinto, reavivam a antiga tradição dos conventos, onde os frades produzem o próprio vinho para as refeições e a para a missa dominical. Algumas das espécies recuperadas no Convento dos Carmelitanos contam um pouco da história mercantil de Veneza e da sua diversidade: Raboso, Malvasia, Marzemina, Verduzzo, Lison e espécies raras como a Terra Promessa, uma planta que veio da Terra Santa.
ProcurandA igreja e o convento
O Convento degli Scalzi e a Igreja de Nossa Senhora de Nazareth ficam a dois passos da estação de trens Veneza Santa Lucia. Descendo as escadarias, logo à esquerda você irá ver a entrada do convento onde fica a lojinha onde os frades vendem a famosa água de melissa, entre outros produtos.
A igreja, construída a partir de 1654 é um projeto de Baldassere Longhena, responsável por tantas outras obras importantes do período Barroco em Veneza. As suntuosas demorações em mármore dialogam com esculturas e detalhes dourados nos altares. O último doge de Veneza, Ludovico Manin está enterrado nesta igreja.
A visita ao convento deve ser reservada com antecedência pelo email: info@giardinomistico.it ou pelo telefone: +39 348 772 8430.
*algumas fotos do post são minhas e outras são do Consorzio Vini Venezia a quem agradeço por ter me recebido com tanta atenção na visita ao convento.
Tudo muito lindo …obrigada por nos presentear com esses cantinhos que nem sempre temos a oportunidade de visitar.
abs
Ana
Oi,Ana,
Que bom, fico feliz em te inspirar.
Isa
Mais uma dica estupenda! Estive em Veneza mês passado, costumo comprar na botica do convento mas não sabia do vinhedo! Fica para a próxima!
Que legal! Da próxima você visita.
Isa
Olá Isa Discacciati,
O ” ItaliaperAmore ” é uma delícia. Dá para ver tudo sem lá estar e criar a ansiedade de lá ir.
Pode ajudar-nos ?
1. Estamos ( A minha mulher e eu – Seniores ) a pensar visitar Veneza brevemente durante 7 dias;
2. Fomos aconselhados a comprar o cartão ” Veneza Única ” no sentido de evitar filas, menor preço …
3. No processo de aquisição deste cartão, verificamos o seguinte ( apenas um exemplo ):
Our best deals/Gold city pass 3 dias (Museus, Igrejas, Transporte )/Doge’s Palace …
Tendo entrado no edifício, com este cartão, a visita é orientada por nós próprios ou juntamo-nos a algum grupo, a determinada hora, e o tour interno começa?
É necessário fazer uma reserva antecipada on line para uma data/hora?
Adicional:
Basílica de S. Marcos: a entrada é livre ( com custo mínimo para evitar fila ) mas é necessário um tour para aceder a determinados lugares ( Museu, … )?
Acha que estas perguntas merecem resposta?
Obrigado.
António
Olá,Antonio,
As visitas com o Venezia Única não são guiadas. São visitas de forma autônoma.
No blog tem instruções sobre como comprar o ingresso fura-fila para a basílica.
Att.
Fiquei maravilhada!
Que paraíso Isa. Obrigada por compartilhar.
De uma próxima volta iremos conhecer.
Grazie!
Oi,Marcia,
É lindo. Vale a pena.
Bjos