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Madonna della Salute, a igreja que salvou Veneza da peste

Veneza sempre teve uma enorme devoção à Nossa Senhora. Em vários pontos da cidade, a simbologia que a representa é visível em monumentos, igrejas e palácios. Tudo nasce com o próprio surgimento de Veneza – a fundação da cidade aconteceu exatamente no dia da Anunciação, 25 de março de 421 d.C. Mas dentre as homenagens à Nossa Senhora, a mais imponente é a incrível construção da Madonna della Salute, a igreja que salvou Veneza da peste.

A história

Basílica Madonna della Salute, Michele Marieschi (1740/41)

Em 1630, uma nova epidemia de peste assolou Veneza e fez ainda mais vítimas que a anterior, em 1575. Quem a trouxe foi um embaixador de Mântua, que visitava a cidade. Os venezianos, por considerarem o homem tão importante, decidiram isolá-lo na ilha de San Clemente. Deixaram de lado a ideia de interná-lo em Lazzaretto Vecchio, onde os doentes em cura ficavam.

Para assegurar sua privacidade, chamaram um carpinteiro para construir uma cerca de madeira onde se encontrava o embaixador. Mas o carpinteiro e seu filho que o ajudava voltavam todos os dias para Veneza e, assim, a peste se difundiu. Foi um momento terrível para a Sereníssima. Os nobres se refugiavam em suas casas de campo, as famosas vilas, enquanto a população definhava pelas ruas. A peste acabou vitimando 47 mil pessoas, mais de 1/4 da população.
Em 22 de outubro de 1630, o doge Nicolò Contarini prometeu publicamente erguer uma igreja dedicada à Nossa Senhora da Saúde, pedindo sua intercessão para acabar com a peste. No mesmo momento, foi lançado um concurso conquistado pelo projeto do arquiteto Baldassare Longhena. A Basílica Santa Maria da Saúde começou a ser construída no ano seguinte e finalizada em 1687, 5 anos após a morte de Longhena.

Detalhe da obra A peste em Veneza, de Antonio Zanchi, pintada na escadaria da Scuola Grande di San Rocco

A construção e a arquitetura

No início, o audaz projeto de Longhena parecia impossível e desanimava os mais otimistas: um edifício de forma octogonal, com uma imensa cúpula central e outra menor no altar maior. Foi necessário reforçar o terreno com milhões de troncos de árvores, utilizando o mesmo sistema pelo qual Veneza foi construída. A Basílica da Saúde mudou completamente a urbanística da cidade e foi construída em modo que fosse vista de vários ângulos.  Pode-se admirá-la do Canal Grande, Praça São Marcos, ilha da Giudecca e das calles e canais internos.

A igreja é repleta de simbologias e na base de tudo está o número oito, que representa a passagem da terra ao céu, neste caso, as preces dos venezianos dedicadas a Nossa Senhora. A planta é octogonal e existem outros detalhes dentro da igreja que remetem ao número. A escadaria poligonal e a pavimentação geométrica em frente à igreja contribuem para que o conjunto seja monumental.

No altar principal, chama atenção o grupo de esculturas realizado por Josse Le Court. Nossa Senhora com Jesus nos braços acolhe as preces de Veneza, representada por uma mulher ajoelhada. Aos pés da Madonna, um anjo com uma tocha espanta uma senhora velha e feia, que representa a peste.

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A festa da Madonna della Salute

A festa acontece todo 21 de novembro. Foto: Patriarcado de Veneza

A partir do ano sucessivo à sua consagração, foi prometido que a cada ano, no dia 21 de novembro, o doge e a população agradeceriam o final da peste em uma procissão. O cortejo sairia do Palazzo Ducale e seguiria até a igreja atravessando uma ponte feita com barcos. Ainda hoje, todos os anos, os venezianos continuam a festejar a data e vão à igreja acender suas velas e pedir saúde e proteção.

Dizem que a cúpula central é um lugar energizado por forças benéficas e quem passa por debaixo do lustre que fica bem abaixo dela, alcança essas boas energias. Esta área da igreja fica fechada por cordas, mas é possível – multidão permitindo – visitá-la durante a festa do dia 21 de novembro, quando as cordas são retiradas.
A Basílica da Saúde fica no bairro de Dorsoduro, um dos meus preferidos de Veneza para um passeio longe das multidões. A área abriga museus importantes como a Galleria dell’Accademia e a belíssima coleção de arte moderna e casa de Peggy Guggenheim, além de galerias de arte. Após a visita à igreja, não deixe de visitar a Punta della Dogana e fazer um passeio pela Zattere, a parte que fica atrás da igreja e oferece uma vista belíssima da ilha da Giudecca.

São Marcos vista da Basílica da Saúde

Horário de visitas
A Basílica da Saúde é aberta gratuitamente à visitação diariamente das 9h às 12h e das 15h às 17h30. Para quem quiser visitar a sacristia e seu pequeno museu, o ingresso custa 4 euros e os horários são: de segunda a sabado, das 10h às 17h e aos domingos, das 15h às 17h. A Basílica fica fechada anualmente nas manhãs dos dias 8 de junho e 13 de junho.
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  1. […] no extremo sul do Grande Canal, a basílica de Santa Maria della Salute, construída entre 1630 e 1687, representa a arte barroca […]

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