Reggia di Caserta, por dentro de um dos maiores tesouros italianos
A Itália tem muito que se orgulhar, principalmente por ser detentora do maior número de lugares declarados patrimônios da humanidade UNESCO. De norte a sul do país, estas maravilhas encantam e exaltam as perfeições da natureza e também a genialidade humana. Dentre os maiores tesouros italianos, está a Reggia di Caserta, um dos patrimônios que sempre desejei visitar e finalmente consegui.
A Reggia fica em Caserta, cidade a poucos quilômetros de Napóles. Nós chegamos de carro, vindos de Paestum, em Salerno, onde passamos férias. A estação de trens da cidade fica a 5 minutos, mas existem também ônibus que fazem a linha Nápoles-Reggia di Caserta. Para saber como chegar até o local, clique aqui.
Um pouco de história
Em 1734, Carlos III da Espanha, conhecido também como Carlos III de Borbone, conquistou o Reino de Nápoles e sucessivamente o Reino de Sicília, tornando-se soberano neste território. O novo reino tornou-se autônomo da Espanha. Carlos III foi um rei dedicado que sanou as finanças, reordenou a administração pública e deu muita atenção aos problemas sociais.
Em 1750, ele decide construir um palácio real que fosse a nova sede do governo. Por detrás do projeto existia também um desejo de se igualar ou até superar outros palácios imperiais europeus, como por exemplo o monumental Palácio de Versalhes, da França. Por isso nenhuma economia foi feita nesta obra extraordinária.
O projeto foi confiado ao arquiteto Luigi Vanvitelli e a pedra fundamental foi colocada em 20 de janeiro de 1752, mas em 1759 Carlo III voltou a Espanha para ocupar o trono. Renunciou aos reinos italianos e os deixou sob responsabilidade de seu sucessor, o filho Ferdinando IV. Somente em 1780, Ferdinando pôde ocupar o espaço ainda incompleto. A Reggia di Caserta é considerada uma das últimas obras em estilo barroco construídas na Itália.
Os impressionantes números
Os dados da construção não escondem o desejo de ostentação do rei.
- ocupa uma área de 47.000 metros quadrados
- 41 metros de altura
- 253 metros de largura na fachada principal e 202, na lateral
- seis andares além do subterrâneo
- 34 escadas
- 1200 cômodos
- 1790 janelas
- 4 pátios internos de 72 metros por 52 metros de largura
O Palácio
Uma escada monumental, Scalone d’Onore, dá acesso aos apartamentos reais. A escada é decorada por uma imponente escultura de Hércules e dois enormes leões de mármore. Em um dos nichos está a estátua de Carlos III em cima de outro leão, símbolo da majestade.
O primeiro espaço a ser visitado é a Capela Palatina, inspirada na capela do Palácio de Versalhes. A estrutura foi danificada durante a II Guerra Mundial e reformada logo depois. A partir daqui passamos aos apartamentos reais, divididos em apartamento velho e novo.
Estas eram as dependências onde primeiro habitaram Ferdinando IV e a esposa Maria Carolina. Os espaços são decorados com estuques, afrescos e quadros que representam cenas mitológicas, paisagens, cenas religiosas, natureza morta, entre outros.
Os espaços são imensos e os cômodos muito numerosos. Neles podemos ver os materiais utilizados na construção e decoração como mármore, granito, além do mobiliário de época, lustres, porcelanas e muito ouro. Vale lembrar que o palácio, além de residência, era o local onde eram recebidos embaixadores, delegações estrangeiras e figuras importantes.
Fiquei muito impressionada com a Sala do Presépio. Para quem não sabe, uma das grandes tradições artísticas da Nápoles são os presépios. Construídos por artesãos especializados, eles não se limitam a reconstruir a cena bíblica do nascimento do menino Jesus, mas os personagens são pessoas do povo, animais, retratados com um realismo impressionante.
O Parque Real
Recobrar os sentidos depois de ver tanta beleza fica difícil quando o panorama se abre para o parque real, uma maravilha que ocupa uma superfície de 120 hectares, com um jardim inglês e a famosa cascata abastecida por aqueduto próprio. Esta é a imagem mais emblemática da Reggia di Caserta e aquela que faz sonhar milhares de turistas que vêm aqui especialmente para vê-la.
Para construir as fontes e as cascatas foi necessário projetar um aqueduto que não só abastecia o palácio, mas toda a cidade de Caserta. Esta obra é considerado uma das obras de arquitetura hidráulica mais avançada de todos os tempos.
A enorme queda d’ água se alterna com as fontes, banheiras e grandes espaços verdes, compondo a cenografia idealizada por Luigi Vanvitelli. Sua ideia era criar uma ilusão de ótica que fizesse parecer o percurso de mais de 3km, um pouco mais curto. As fontes são: Fontana Margherita, Fontana dei Tre Delfini, Fontana di Eolo, Fontana di Cerere, Fontana di Venere e Adone. O espetáculo é finalizado com a monumental Fontana di Diana e Atteone que fica bem abaixo da longa cascata.
À direita da Fonte de Diana e Atteone está o jardim inglês, que era o sonho de Maria Carolina. O projeto deveria ser muito melhor e mais bonito que o jardim do Palácio de Versalhes, este foi o pedido da rainha, prontamente atendido pelo jardineiro inglês John Andrew Graefer.
Devido à sua monumentalidade e dimensão a Reggia di Caserta precisa ser visitada com calma. Os espaços são imensos. Como era início de verão, nós optamos por pegar um mini ônibus que nos levou até a última fonte e de lá descemos a pé de volta ao palácio.
Era um desejo antigo visitar a Reggia di Caserta. Acredito que esta grande obra, que é um dos patrimônios da humanidade UNESCO da Itália deveria constar no roteiro de todo mundo que chega até Nápoles. Para saber informações sobre horários e o preço do ingresso, consulte aqui o site oficial.
Também fiquei encantada quando estive na Reggia di Caserta. Monumental é pouco para descrevê-la. Infelizmente ainda não está na maior parte dos roteiros turísticos para o sul da Itália. Muito bom tê-la trazido à lembrança!